terça-feira, 22 de abril de 2008

Uma questão de... (im)probabilidade

Dreaming of Deep Water, R. Steeds


Quando te encontrei não achei que fosse provável... com as horas, fui achando um pouco mais, com os dias era até possível, com as semanas, os meses, os anos... estava mesmo destinado.

Contudo, dentro de toda a certeza duvidei, como foi sempre meu inesgotável e franco hábito. E encostei-me à almofada de nuvem do meu pensamento. Suave, mas sólida... sem ilusões. De tão suave, que mesmo sem querer iniciei um leve embalar, uma serenidade tranquila de passos pequenos, que depressa tomaram o caminho do gigante.

Dormi. Dormi a sono solto. E sonhei. E dediquei tempo ao meu sonho. Os sonhos são reais pelo tempo que lhes dedicamos.

De tanto que te sonhei, que comecei a encontrar-te, a desenhar-te, a existir contigo. De tanto que te sonhei, que deixei de acreditar que fosses meramente um sonho. De tanto que te sonhei que não te pensei improvável.

Ainda assim, dentro da improbabilidade existes. Meramente porque não és impossibilidade.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Caminho Panic-Embryo

A leitura vai amaciando o caminho. Vejo nuvens nas pedras e açúcar na terra acre. Enquanto o caminho se faz... um pé descalço atrás do outro pé descalço... vestidos de lama, sou feita de chocolate. Que mel tão doce, este que me sabe a lágrimas e a mar (o mar é as lágrimas do mundo)... O caminhar torna-se pesado, mas mais uns passos arrancados e desenho-me umas asas. Pequenas. Minúsculas. Para não darem nas vistas e o sonho não se transformar em delírio ou loucura. Ténue fronteira... Mais dois passos, levitando... sou cega para o terceiro passo. Quero contar este e o próximo, mas não o seguinte. Não vou parar de andar. Nem vou parar de escrever. Talvez quando a tinta acabe... Não. Nessa altura compro mais tinta. E depois de toda a tinta do mundo, escrevo a sangue.