sábado, 19 de janeiro de 2008



Som Sem Mim"Cathedral Oceans III", autor desconhecido
Pergunto-me para onde foste, e a pergunta, mesmo sem ser audível, torna-se esfera repetida. Apercebo-me como é vulgar. Vulgar e triste. Como a música que tem sempre a mesma letra (com mais atenção verias que a melodia é diferente). (e que envolve e conforta)
Por mais que tenhas ido estás aqui. Por mais que aqui estejas, já foste. E o bater sussurrado e ritmado do músculo vermelho grita-me a saudade.
As mãos mutilam o corpo e pergunto-me para onde fui. Podes procurar por dentro e por fora. Até no limite da pele. Não me encontrarás. Há muito que fugi para fora de mim (para onde foste? para nenhures. existes? absolutamente. mas não moro em mim)
Toco somente com as teclas brancas, desafinado, inconstante e sem ritmo. As notas saem ao lado. Falta-me a subtileza das notas pretas, a orientalidade dos sustenidos e dos bemois. (falto-me. ponto. para onde foste? - teimas. um ponto é um fim, prevê que não existam mais perguntas)
Pinto-te com aguarelas. Achas-te esbatido (se olhares com atenção verás mesmo que desapareces enquanto a tinta seca. se entrasses dentro de mim verias que não é a ti que te pinto. não pinto sequer. faço-me desaparecer)
Se tocasses sempre assim, dormiria para sempre no teu colo. Vulgar e triste. Sempre banal.

2 comentários:

Nuno disse...

caramba! estive tanto tempo sem te visitar... agora percebo o quanto perdi... enfim, é bom voltar e saber que estás em forma :P

jorge@ntunes disse...

gostei desta água lunar, cristalina...